quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

FHC é 11º em lista dos 100 pensadores globais do ano

Escolha foi feita por conta dos comentários que o ex-presidente brasileiro fez sobre a guerra contra as drogas. Lista ainda inclui o americano Barack Obama e a iraniana Zahra Rahnavard

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ficou em 11º na lista dos 100 Pensadores Globais de 2009 feita pela revista Foreign Policy, publicação americana especializada em temas internacionais. A escolha, segundo a revista, se deve aos comentários e discussões fomentadas por FHC ao longo de 2009 sobre drogas. Em fevereiro, o brasileiro, com apoio de outras personalidades latino-americanas, atacou a política de guerra contra as drogas, mantida principalmente pelo governo dos Estados Unidos.

No Wall Street Journal, em um artigo assinado com os ex-presidentes e economistas César Gaviria, da Colômbia, e Ernesto Zedillo, do México, FHC afirmou que a guerra contra as drogas é um "fracasso". "Políticas proibicionistas baseadas em erradicação, interdição e criminalização do consumo simplesmente não funcionaram." FHC, junto com os outros membros da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, defende que a questão deve ser encarada como um problema global de saúde, e não somente como caso de polícia.

Lembrando da carreira política de FHC, a Foreign Policy afirma que, quando foi presidente do Brasil, ele "balançou o enorme porém letárgico mercado brasileiro de volta à vida com uma política fiscal dura e programas sociais pioneiros". Aqui, entretanto, o ex-presidente não anda assim tão popular. A última pesquisa CNT/Sensus de intenção de votos para as eleições presidenciais de 2010 mostrou que 49,3% dos eleitores não pretendem votar em um candidato que seja recomendado por FHC.

O topo do ranking ficou com Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, escolhido pela Foreign Policy por "salvar a economia americana do colapso" e "reinventar o papel de um banco central". Barack Obama, que meses antes de completar seu primeiro ano de mandato como presidente dos EUA ganhou o Nobel da Paz, ficou em segundo lugar, posição conquistada "por recriar o papel da América no mundo".

Em terceiro ficou a iraniana Zahra Rahnavard, doutora em Ciência Política, considerada a principal líder dos protestos que ficaram conhecidos como "Revolução Verde" e marcaram o Irã - e a internet - em junho deste ano, depois das eleições presidenciais. Rahnavard é casada com Mir Hossein Mousavi, principal candidato de oposição, derrotado por nas eleições pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Fareed Zakaria, editor-chefe da edição internacional da revista Newsweek, e Christopher Hitchens, colunista da Vanity Fair e da Slate, que escrevem quinzenalmente em ÉPOCA, também apareceram no ranking da Foreign Policy. Hitchens, em 47º, "por provocar em toda oportunidade a sabedoria recebida", e Zakaria, em 37º, "por definir os limites do poder americano e convocar o público mais inteligente para conversar sobre isso".

A lista ainda inclui o casal Bill e Hillary Clinton, em 6º; Richard Dawkins, biólogo, conhecido por ataques contra a religião, em 18º; Thomas Friedman, jornalista e colunista do New York Times, em 21º; Chris Anderson, físico e jornalista, editor-chefe da revista Wired, em 24º; Linus Torvalds, engenheiro de software finlandês que empresta seu nome ao sistema operacional Linux, em 53º; e Gordon Brown, primeiro-ministro inglês, em 74º.

Prestígio Como pensador, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é bastante admirado no exterior

REDAÇÃO ÉPOCA
Valter Campanato/ABr