quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Políticos de uma nova geração

Ética, Política e um Pacto

O que presenciamos nestes dias nas ações dos políticos atuantes em nosso cenário nacional vai contra qualquer princípio e ética, preceitos imperativos para qualquer um que decida enveredar-se pela política. A política per se é uma das mais nobres profissões, porque implica em responsabilidades ímpares. O exercício da política requer ações e decisões estratégicas, que impactarão na vida de uma nação, no bem-estar de seu povo.

Infelizmente, a história – especificamente nossa história recente –abunda com modelos de políticos que esqueceram seus princípios e que, para manter o poder pelo poder, ou para auferir benesses financeiras, esqueceram-se das premissas básicas de suas funções.

Max Weber, sociólogo do início do século XX, declara que política exige pessoas que desenvolvam a capacidade de ponderar, de manter equilíbrio entre paixão e perspectiva, entre o desejável e o possível. Mas também relata que o político pode abrir mão de algumas aspirações, se assim o momento exigir, mas que, chegando a certo limite, colocará seus princípios como a fronteira final: “Não posso fazer de outro modo; detenho-me aqui.”

O que temos presenciado vai além do maquiavelismo, doutrina que fundamenta uma conduta política baseada no princípio de que o fim desejado justifica o uso de quaisquer meios, por piores que sejam. O próprio fim já está deturpado: muitos dos nossos políticos mais tradicionais escolheram como causa final o ganho pessoal ou partidário, representado pela perpetuação do poder ou pelo favorecimento econômico.

Weber define o político por vocação e ressalta três qualidades
imprescindíveis: a paixão, a responsabilidade e o senso de proporção. A paixão requer a dedicação irrestrita a uma causa: o bem estar do povo. Entretanto, só paixão não faz o bom político, se a paixão enquanto devoção a uma causa também implique em fazer da responsabilidade para com tal causa a estrela guia de suas ações. Para tanto, um senso de proporção é fundamental. O senso de proporção é a qualidade psicológica decisiva do político porque requer a capacidade de distanciamento das coisas e dos homens. Significa a “capacidade de deixar que as realidades atuem sobre ele com uma concentração e uma calma íntimas.” Sendo assim, o político que se preze deve ininterruptamente superar internamente um adversário trivial e por demais humano: a vaidade.

Creio que nosso país anda exigindo isso de nós, que escolhemos e
sentimos a vocação da política: que deixemos de lado vaidades,
fisiologismos, clientelismos, ganância, corporativismo, busca do
poder pelo poder.

Cabe a nós, políticos de uma nova geração, restabelecer princípios e ética que, admito, não são prerrogativas apenas nossas, mas que
parecem ter sido esquecidas por grande parte desta geração. A verdade é que há uma nova gênese no meio político nacional: pessoas que amam este país e este povo e que entendem que fazer política é uma profissão que pode ser desempenhada com lisura, com conhecimento social, com altruísmo. Esta nova classe política é filha da indignação para com os modelos arcaicos. São
pessoas que adentram a política pensando no bem maior.

Nós, que cansamos da velhacaria, devemos então fazer um pacto para defender nossas causas sociais com paixão, mas com responsabilidade, discernimento, dedicação e com o cuidado reverencial de quem é responsável pelo bem público. Nós, que nos dispomos a abraçar este nobre caminho, devemos fazer um pacto de sempre lembrar o que e quem nos fez chegar até aqui, transformando-nos em defensores das causas deste povo.

Um comentário:

  1. Ufffa. Senti um tremendo alívio ao ler isto. Um alívio por existir agentes políticos do seu naipe, que pensam - e o mais importante - atuam acreditando nesses preceitos. Tenho orgulho de ser sua eleitora.

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